ROYAL TRUDEL FATUROU R$ 20 MILHOES

Luis Fernando Turmina e Patrícia Turmina são donos da Royal Trudel, rede que nasceu em Gramado e hoje tem lojas em diversos estados brasileiros

Irmãos empreendem com doce romeno na Fraquia Royal Trudel

Depois de ver algumas fotos dos doces que os pais tinham provado em uma viagem para a Romênia, em 2016, os irmãos Patrícia Turmina, de 27 anos, e Luís Fernando Turmina, 28, tiveram a ideia do negócio. Sem nunca ter visto a iguaria pessoalmente e com a ajuda de receitas na internet, eles criaram um trudel abrasileirado, que deu origem à Royal Trudel, rede de franquias que atualmente conta com 56 lojas em funcionamento e faturou R$ 20 milhões em 2021. O plano é chegar a 80 pontos de venda abertos em 2022, com receita de R$ 30 milhões.

Patrícia e Luís Fernando nasceram em uma família de empreendedores, mas desde cedo costumavam ouvir que “deveriam quebrar o próprio negócio antes de assumir a empresa da família.” Os pais dos dois têm uma distribuidora de bebidas, alimentos e materiais de limpeza no Rio Grande do Sul, onde moram.

Diante dessa afirmação categórica do pai – e pelo fato de que eles queriam trabalhar com varejo –, resolveram empreender juntos, por conta própria. “Se fôssemos quebrar uma empresa, que fosse algo pequeno”, conta Patrícia. O primeiro plano empreendedor dos dois era uma máquina robotizada de hot dogs, mas a ideia não foi para frente.

Ela fez administração de empresas e ele, engenharia. A ideia de empreender com os trudels surgiu em uma sexta-feira, e no domingo a empreendedora já tinha ido atrás de um forno da República Tcheca para adaptar a receita e criar o negócio. “Demos uma abrasileirada na receita e levávamos para os vizinhos experimentarem. Assim, aos poucos, chegamos ao que consideramos o ideal.” Detalhe: nenhum dos dois tinha sequer experimentado o doce original até então.

O trudel é um doce romeno, tradicionalmente assado em espetos de madeira e forno a carvão. A iguaria consiste em uma massa doce especial assada com açúcar e canela. Na Royal Trudel há diversas opções de recheio.

Seis meses depois de terem a ideia e encontrarem a receita ideal, eles abriram a primeira loja em Gramado, na Serra Gaúcha, por ser uma vitrine nacional. O orçamento que tinham feito para a abertura era de R$ 35 mil, mas o investimento total acabou passando de R$ 60 mil, emprestados da família. “Fomos fazendo tudo aos poucos. A loja tinha muita coisa para ajustar quando abrimos”, diz a empreendedora.

Primeira loja da Royal Trudel, em Gramado, foi inaugurada perto do Dia dos Namorados: coração fotografável na porta ajudou a divulgar marca antes da abertura (Foto: Divulgação)

A família é de Passo Fundo, no interior do Rio Grande do Sul, e os dois estudavam em Porto Alegre. O período coincidiu com o término da faculdade de Patrícia, que se mudou para Gramado para acompanhar a loja. “Eu ficava de segunda a quinta sozinha, trabalhando literalmente o dia todo para fazer as massas, atender clientes e fechar a loja. Meu irmão vinha depois, porque estava na faculdade, e me ajudava nessa jornada.”

No início, eles iam atrás dos clientes, levando degustação para os principais pontos turísticos da cidade. Luis Fernando chegou a ir embaixo de chuva até a rua principal da cidade para divulgar o negócio – o que angariou a simpatia e curiosidade de muitos clientes. Eles também faziam um forte trabalho de relacionamento para que os consumidores avaliassem a experiência no TripAdvisor, aplicativo de turismo. “Na época não existia a categoria de cafeterias, então ficamos em primeiro lugar em restaurantes. Isso nos ajudou muito a decolar no início.”

Patrícia conta que o modelo de negócio já atraía interessados em abrir franquias, mesmo nos primeiros meses de funcionamento, mas os irmãos eram céticos quanto ao formato. No primeiro ano, eles abriram mais dois quiosques em Porto Alegre. Foi quando perceberam a necessidade de montar uma fábrica em Cachoeirinha, na região metropolitana, e enviar as massas pré-prontas para as lojas.

“Estávamos em um ritmo frenético no final de 2017, tínhamos cinco lojas, vinte funcionários, e quatro engravidaram ao mesmo tempo. Eu tinha que cobrir uma por dia, todo dia. Percebemos que íamos precisar ter uma estrutura muito grande para crescer com lojas próprias”, explica Patrícia. Eles já estavam de olho em uma praça em Balneário Camboriú (SC), e decidiram que o melhor seria ir com franquia.

A primeira unidade franqueada foi aberta na metade de 2018, depois de um longo processo de ajustes e formatação. Hoje, a empresa tem mais de 50 unidades e cerca de oito mil leads na espera, segundo a empreendedora. “No começo desse ano eu pausei novamente a expansão para fazer ajustes que considerei necessários nas lojas. A ideia é tornar o negócio cada vez mais simples e rentável para o franqueado.”

Trudel da Royal Trudel: irmãos só experimentaram o doce original mais de dois anos depois de fundarem a empresa (Foto: Divulgação)

Atualmente, a rede atua em 14 estados, do Sul ao Nordeste do país, e o maior desafio para crescer para mais cidades é a logística. A fábrica da Royal Trudel tem capacidade de atender até 80 lojas, mas os irmãos já projetam uma ampliação, para que consiga atender até 200. Além disso, um novo centro de distribuição também deve ser inaugurado em breve.

Cada candidato a franqueado é avaliado individualmente pelos irmãos antes de entrar na franquia. O investimento inicial total varia entre R$ 100 mil e R$ 200 mil, de acordo com o porte da loja, que pode ter a partir de seis metros quadrados. O prazo de retorno do investimento tem sido de até 24 meses.

O delivery, que ajudou a segurar muitas operações na pandemia, ainda corresponde a cerca de 8% das vendas. O tíquete médio varia de acordo com o ponto, e vai de R$ 17, em quiosques, a R$ 25, na loja de Gramado, por exemplo. “Precisamos fazer um aumento de preços em junho, por conta da inflação, mas conseguimos segurar os repasses por mais de um ano.”

Patrícia conta que ainda sonha em levar a Royal Trudel para o exterior, principalmente para Nova York, e competir com docerias locais tradicionais. No entanto, antes disso, tem alguns planos para o aperfeiçoamento da rede no Brasil. “Nosso produto é de experiência, para que o cliente veja sendo feito e consuma no local, mas o grande porte de dinheiro em alimentação hoje é de conveniência. Estamos tentando adaptar para atender a esse público também.”

Mas, será que após todo esse percurso, eles chegaram a experimentar o doce original? Em outubro de 2018, após a abertura das primeiras franquias, os dois resolveram viajar juntos para Praga, na República Tcheca, para conhecer, finalmente, o trudel original. “Comi em todas as barraquinhas que encontrei pelo meu caminho. Eu achei bom o fato de não ter experimentado antes, porque o nosso ficou muito melhor. Se tivéssemos conhecido [o original] antes de empreender, íamos querer fazer igual”, diz.

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