Dá para imaginar como uma carreira como a de Marcelo Tas se constrói, ou o que ele faz quando não está em frente às câmeras?
Uma dica: Tas nunca teve carteira de trabalho. Antes de se formar engenheiro, foi “picado pelo vírus” da comunicação e, logo em seguida, pelo do empreendedorismo. Começou a editar um jornal de humor da faculdade, montou um coletivo com outros talentos do entretenimento e, inspirado por esse grupo, tomou coragem para abrir a própria produtora.
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A Supernormal foi seu primeiro negócio, pelo qual começou a trabalhar com emissoras e veículos, e que dura até hoje. Além dela, Tas também empreende na Donaranha, agência digital criadora de teias – internas, no que diz respeito à comunicação dentro das empresas, e externas, quanto à forma de se posicionarem e ouvirem seus públicos.
Interatividade, por sinal, junto com o humor e a educação, são os 3 pilares em que Tas baseia suas decisões. Um dos grandes desafios, no entanto, é se desvencilhar de uma relação de dependência entre seu nome e seus negócios. Não que isso seja um desafio exclusivo de pessoas públicas: qualquer empreendedor deve entender como sua essência sobrevive, mesmo quando ele não estiver por perto. E tão importante quanto, como usar sua essência para fazer a diferença. Aqui estão os destaques dessa mentoria online:
1. As oportunidades nunca serão lineares. Confie na sua intuição.
Olhando de longe, a trajetória de Tas parece bastante tranquila, mas as curvas foram muitas. Segundo ele, foi sempre caminhando por projetos que lhe atraíam e parecem fazer sentido de acordo com sua intuição – definida por coração, razão e equipamento intelectual.
Tas estava na Rede Globo, quando ganhou uma bolsa para estudar cinema em Nova Iorque. Sentiu que não era hora de se acomodar e foi para o incerto: 2 anos fora. Voltou desempregado, sua primeira esposa grávida – a situação não era fácil. Demorou algum tempo, mas enfim surgiu um convite, de seu amigo e mentor, Fenando Meirelles, para co-criar uma série para um público totalmente novo para Tas: o infantil. A série viria a ser a Rá-tim-bum, que abriu portas depois para o Castelo Rá-tim-bum.
“Intuição é uma palavra meio esotérica, que tem muito a ver com sua conexão com as coisas ao redor. Acho isso muito importante. É muito fácil querer mudar o mundo, mas mudar o mundo à sua volta é muito difícil, porque é onde você realmente vai ter que colocar a mão na massa. Conforme esse mundo vai aumentando, vai ficando mais fácil patinar na maionese. Acho que fica mais complicado colocar o coração na mesa”.
2. Não evite os tropeços. Tropece para valer.
O risco faz parte. “Coragem vem de coração – é o contrário de ficar com medo, na defesa. Também não é ser irresponsável, mas sim se colocar na realidade. Por mais que seja parte da nossa cultura no brasil, é um enorme erro evitar o erro”.
Precisamos errar – assumindo responsabilidade sobre isso – para aprender a acertar. E isso se encaixa inclusive no momento que o país vive hoje: “Precisamos parar com discurso de vítima. Temos que entender que nosso país é muito capaz. Já superamos várias crises… trabalhar nos anos 80 sim foi um desafio! A crise de hoje é importante, mas não chega nos calcanhares daquela. Temos um país com muitos defeitos, mas pronto para voar”.
3. Mas não deixe de se preparar!
“Eu procuro estudar, sou deficiente como empreendedor”, disse Tas. Mas a verdade é que todos temos pontos cruciais a desenvolver e deveríamos seguir mais essa lógica. Para ele, um grande divisor de águas foi o coaching, onde ele, num momento conturbado, conseguiu visualizar o que poderia aparecer pelo caminho, suas dúvidas e desafios.
Além disso, Tas busca muitas referências que tragam novos tipos de sabedoria, e deu dois exemplos: “Nos anos 80, eu estava muito interessado na revolução tecnológica que estava chegando. Tem um livro do Akio Morita, criador da Sony, que conta a dificuldade que ele teve de vender o walkman. Imagine… ele teve uma visão e partiu para a briga. Criou uma empresa que passou por milhões de transformações, mas que se torna cada vez mais forte”.
Outra recomendação é a trilogia de Getúlio Vargas, escrita por Lira Neto, que segundo Tas “mostra um DNA do Brasil que ajuda a entender muito claramente a conjuntura atual e ver coisas que dificilmente vão mudar – mas também conhecer o lado de um louco empreendedor, que foi Getúlio, e que bem ou mal mudou a história até do empreendedorismo no país”.
Para se informar, ele assina vários veículos, entre alguns internacionais como The New Yorker, The Economist, Financial Times e NY Times.
Artigo originalmente publicado em Endeavor Brasil. Editado por Franchisingbook