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Por que os millennials são o futuro dos negócios sociais

Os jovens empreendedores procuram um trabalho que tenha propósito e promova impacto positivo para a sociedade

Nativos digitais: geração Y é conectada e altamente informada (Foto: Flickr/Marissa Anderson)

Os millennials, nome dado aos jovens nascidos entre o início da década de 1980 e o meio da década de 1990, serão a maior mão de obra dos próximos anos. Segundo um relatório recente do Bank of America, a geração Y, como também são chamados, será responsável por 75% da força mundial de trabalho em 2025. Por isso, pode-se dizer que qualquer tendência comportamental sobre os profissionais dessa geração pode se tornar um padrão em poucos anos.

Para os mais novos, o sucesso não está ligado apenas a cargos e dinheiro. Se antes o objetivo era construir uma carreira numa mesma empresa, passar por promoções e chegar numa posição que garantisse um ótimo salário, agora não é mais. Os millennials também levam em consideração outros fatores, como bem-estar comum e o legado que irão deixar no mundo.

Eles têm anseio pelo novo
Os millennials têm a grande vantagem de terem crescido em meio a transição entre os mundos offline e online, numa época de avanços tecnológicos. Viram os videocassetes saindo de suas casas para dar espaços aos aparelhos de DVD. E agora são eles que consomem entretenimento pelos serviços de streaming, como o Netflix e o Spotify.

Acostumada com transformação constante, essa geração tem um grande anseio por conhecer o novo e estar sempre atualizada. “Por serem nativos digitais, os jovens adultos conseguem aproveitar ao máximo as vantagens de viver num mundo globalizado e com fácil acesso a informação, algo bem diferente do que os pais deles vivenciaram”, afirma Sidnei Oliveira, autor do livro “Geração Y — O Nascimento de uma Nova Versão de Líderes”.

Veem o trabalho como fonte de satisfação
Um ambiente mais conectado também trouxe aos “ípsilons” novas possibilidades de escolhas. Para eles, não existe um só caminho para a felicidade, tampouco uma resposta única. É comum eles se questionarem o melhor a ser feito, tanto para si quanto para a sociedade como um todo.

Quando o assunto é carreira, a maior diferença dessa geração para as outras é a importância dada ao propósito do trabalho. “Para a geração Y o porquê importa mais do que o quanto”, diz Daniella Dolme, da aceleradora de negócios sociais Artemisia. “A função precisa ter um significado maior do que o ato de acumular riqueza.”

Alguns encontram no empreendedorismo o caminho para uma vida profissional mais relevante e satisfatória. “Todo semestre auxiliamos cerca de 12 millennials que procuram uma finalidade maior para suas carreiras, fundando empresas de impacto social”, afirma Daniella.

Contam com a ajuda de organizações
Os millennials não são inibidos na hora de aceitar ajuda para alcançar seus objetivos. E a melhor parte disso é que hoje diversas empresas e organizações estão dispostas a contribuir com os negócios sociais desses jovens. A ONG Artemisia, por exemplo, mantém há cinco anos o CHOICE, uma rede de universitários com atitudes inovadoras para criar impacto social. O programa possui workshops sobre empreendedorismo, consultorias para os negócios sociais e encontros de networking. “A colaboração é algo muito importante para essa geração”, diz Daniella.

Encontro com millennials na Artemisia: busca por um trabalho com significado (Foto: Divulgação)

Uma outra iniciativa para valorizar os negócios sociais é da marca de uísque Chivas Regal. Com a intenção de auxiliar os millennials na resolução dos grandes desafios do mundo, a empresa promove o The Venture, que fornece um fundo de US$ 1 milhão a empreendedores sociais ao redor do mundo, e nesse ano, contou com cerca de 140 projetos de brasileiros de 25 a 34 anos inscritos para a sua segunda edição.

Desses, foram selecionados quatro empreendedores finalistas que tiveram destaque em projetos para a construção de uma sociedade mais justa e igual no Brasil e que agora participam de votação aberta no site do projeto. O selecionado vai ter a oportunidade de estudar na Singularity University da NASA e de concorrer ao grande prêmio em dinheiro na etapa global do The Venture.

Não têm medo de arriscar
Para um negócio social chamar a atenção de iniciativas como as citadas acima é preciso que o jovem empreendedor já possua um projeto encaminhado e não apenas uma ideia na cabeça. Para isso acontecer é preciso muito trabalho, determinação e um tanto de coragem –– característica bem presente nos millennials.

O profissional dessa idade está disposto a realizar alguns sacrifícios, como mudar de emprego, começar uma carreira em outra área ou até receber uma remuneração menor, se isso significar uma melhora no bem-estar dele. “Os millennials podem arriscar mais porque não têm muito o que perder”, diz Oliveira. “Eles não possuem um padrão de vida caro para manter, assim como grandes responsabilidades, como uma família para sustentar.”

De acordo com uma pesquisa divulgada em novembro pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), 86% dos jovens brasileiros de 18 a 34 anos não ambicionam fazer fortuna — eles querem ganhar apenas o suficiente para ter uma vida confortável com pequenos luxos, como viagens internacionais periódicas.

Preocupam-se com o ambiente ao redor
Ainda segundo o levantamento, 55% dos entrevistados disseram que ajudar outras pessoas a melhorar de realidade é um dos seus objetivos de vida. “Por estarem sempre conectados, os millennials entendem a importância de ajudar o próximo”, afirma Daniella. “Eles são ideais para os negócios sociais por compreender o contexto mundial em que vivemos — com diversos problemas sociais, como pobreza, falta de moradia e serviços de saúde limitados — e também por pensar em maneiras de causar um impacto positivo nisso tudo.”

O administrador Fernando Assad, de 32 anos, passou exatamente pelo processo descrito por Daniella. Foi enquanto trabalhava com projetos de urbanização em favelas de São Paulo que Assad percebeu que poderia fazer mais pelas pessoas que vivem em moradias inadequadas. Em 2013, ele e mais dois sócios fundaram o Programa Vivenda, uma empresa que realiza reformas de baixa complexidade e alto impacto social em favelas. “Nossas obras são feitas para melhorar a saúde e o bem-estar da população de baixa renda”, diz Assad.

Fernando Assad, do Programa Vivenda em obra no Jardim Ibirapuera, São Paulo (Foto: Divulgação)

Os clientes do Vivenda podem optar pela compra de cinco kits — cada um representa um cômodo da casa. O kit banheiro, por exemplo, cuida de problemas como impermeabilização, vazamentos e fungos. As reformas são feitas por um valor de até 5 mil reais (que pode ser parcelado em até 15 vezes sem juros) e ficam prontas em até cinco dias.

Para estimular o crescimento da comunidade local, todos os materiais utilizados nas obras são adquiridos em depósitos da própria região. Até então, mais de 165 famílias foram beneficiadas com o negócio de Assad. “A convicção de que meu trabalho está contribuindo de uma maneira positiva para a comunidade é meu estímulo para sempre continuar e não desistir”, diz ele.

Por Estúdio Globo – 01/12/2015

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